CAPÍTULO 1
Como esquecer você
CAPÍTULO 1
Como esquecer você
Se eu tivesse que descrever a cena do dia em que entrei no dormitório, só poderia ser definida por uma palavra: caos. Porque não era apenas o nosso curso, mas também todos os outros da faculdade. O primeiro ano de Engenharia tem mais alunos que qualquer outro, quase três vezes mais. Além disso, o cronograma de mudança no mesmo dia fez todos os pais enlouquecerem.
Antes de irem embora, nossos pais ajudaram a organizar apenas parte dos móveis. O resto ficou para mim e meu colega de quarto, parados diante daquela pilha sem fim de coisas, sem saber nem por onde começar.
— Wine.
— O quê?
— Acho que já tenho muita coisa. Mas vendo esse tesouro que você trouxe, será que vou conseguir dormir hoje à noite? — Khoa não era obrigado a dividir quarto com ninguém, mas meu querido amigo e eu decidimos ficar juntos.
— Que boca grande. Ouvi dizer que sua mãe contratou até caminhão para trazer tudo direto para frente do dormitório, Jay.
— Não me chame de Jay. Agora que entrei na faculdade, me chame de... JJ.
— Abreviação de jan job[1]? Isso sim é legal.
[1] Jan job pode significar talento, mas também ‘fim da vida do Jan’.
— Você mudou seu nome de Warat para Wisawa, seu esnobe.
Ao ouvir isso, fiquei tão irritado que quase joguei uma cesta de roupas na cara dele.
É impossível imaginar como será caótica minha vida com Jay neste próximo ano, já que no primeiro dia já começamos uma disputa sem fim.
Nossa amizade existe há muito tempo, desde o ensino fundamental. Crescemos juntos. Tirando os gostos e estilos de vida, temos muita coisa em comum.
Antes tínhamos a mesma altura. Nunca pensei que, depois de um longo semestre no 9º ano, quando nos reencontramos, ele já estava mais alto que eu, quase batendo no teto, com mais de 1,80m. Além disso, dia após dia, seu rosto ficava mais bonito. Onde quer que fôssemos, toda a atenção era para ele. Pensando nisso, eu só conseguia sentir pena de mim mesmo. Mas ele é meu amigo e nasceu bonito, fazer o quê?
Só que sua personalidade... não tem nada de “descolada”.
— Quero uma trégua, minha cabeça dói. — Quando discuto com Jay, nunca ganho. Melhor levantar a bandeira branca e me render logo.
— Quem disse que quero brigar com você? — Seus olhos afiados percorreram o quarto, antes de quebrar o silêncio novamente. — Mas você também trouxe todas essas tranqueiras? Poderia comprar tudo perto da faculdade.
— É porque são coisas importantes. Mamãe pediu para eu trazer, para não perder tempo comprando tudo de novo. — Além disso, trouxe também um caderno especial com tudo que precisava para morar no dormitório.
— O que é isso? Uma coroa de flores para Buda? — Ele apontou para o objeto importante em cima da cama, trazendo de volta minha melancolia.
— Você tem olhos mas não enxerga. São as flores que Toey me deu no Dia dos Namorados.
— Hã? Então por que trouxe?
— Lembrança… — Minha voz saiu baixa. Quero guardar todas as memórias que criamos juntos, mesmo tendo terminado.
— Você está de coração partido?
— Um pouco. Só isso, não rasgue o papel.
— Já viu o filme Como deixar ir? — Meu amigo querido insistiu, me deixando ainda mais desconfiado, a ponto de franzir a testa sem perceber.
— Uma vez, e daí?
— O filme diz para jogar fora tudo o que você não usa mais. Tudo que pertence à Toey já não é mais necessário.
— Você entende o que são ‘boas memórias’?
— Hã. Ela ainda é boa para você?
— Enquanto Toey não tiver ninguém, acho que ainda temos chance de voltar. — Mesmo que pareça um sonho, ainda tenho esperança.
— Em vez de você ficar esperando a ex que te largou, é muito melhor seguir em frente e achar alguém novo.
Ele falou isso sério, depois voltou a arrumar a montanha de coisas no chão, sem me dar mais atenção.
Não importa o que os outros digam, eu ignoro. Relacionamentos não são algo em que qualquer um pode se intrometer. Namoramos por anos e, de repente, não tínhamos mais um ao outro. É injusto. Acredito que, quando eu sinto falta da Toey, talvez uma parte dela também sinta falta de mim.
Acreditava nisso... até ver a notícia:
Toey Arunothai está em um relacionamento com Oooke Pattarapong.
E a pergunta que ecoou na minha cabeça foi: Quem é Pattarapong?
Mesmo sem lágrimas ou soluços, ninguém sabia que, por dentro, meu coração chorava como uma criança.
Nunca imaginei que, logo na manhã do primeiro dia do semestre, abriria os olhos e seria atingido por uma bomba tão pesada, que me deixaria completamente destruído. O celular tremia sem parar na minha mão e eu mal conseguia controlar meu humor terrível.
Mas parecia impossível esconder algo de alguém como Jay.
— Nosso tio Wisawa está mais cinza que um vaso sanitário.
— Não é verdade. — Mas só mais um pouco e o arroz com carne de porco e manjericão à minha frente teria se transformado em arroz encharcado de lágrimas.
— Dito isto, acalme seu coração.
— Como você sabe o que aconteceu comigo?
— Caso tenha esquecido, virei amigo da Toey no Facebook. E vi claramente que ela está saindo com o Pattarapong.
— Não diga esse nome! Não diga!
— E o Pattarapong ainda é bonito.
— Se você falar mais uma vez, meus pés vão voar na sua cara.
Não sei quando esse relacionamento deles começou, nem quem ele é. Só sei que minha esperança de reatar acabou ali.
— Um pouquinho de você. — A mão de búfalo do cara sentado à minha frente deu uns tapinhas no meu ombro duas ou três vezes. Seus olhos pareciam mais sérios do que o normal, me fazendo parar. — Não se arrependa da pessoa que te abandonou. Olhe bem para a minha boca.
— Aí está.
— Siga em frente. — A voz baixa do meu amigo ecoou em meu ouvido, motivando-me a repetir a palavra muitas vezes.
— Seguir em frente?
— Isso mesmo.
— O que significa seguir em frente?
— Ohhhhhh! Isso significa muito, seu idiota. Irritante!
Os veteranos disseram que, quando chegassem ao primeiro ano, provavelmente não teriam tempo para passear, exceto para ir à escola e fazer atividades. Mas, até lá, a agenda apertada do departamento continua até a semana que vem. Para me impedir de ficar inquieto, meu melhor amigo Janjob se ofereceu para tentar me confortar de todo o coração.
Mesmo sendo um livro sobre deixar ir e seguir em frente, o famoso podcast tem muitas histórias para contar que são suficientes para aliviar a tristeza no coração. Mas isso não me ajuda totalmente a parar de lembrar. Já tentei muitos métodos, mas não encontrei nenhum que funcionasse. Por que esquecer alguém não é tão fácil quanto esquecer o conteúdo de preparação de uma prova num livro?
Por sorte, tenho ele sempre ali para me ajudar. Então, o trabalho de cortar o lótus sem deixar o fio, cortar o coração sem deixar um fruto, foi realizado.
Método 1: Jogar fora os itens que já não são necessários
— Joga fora.
— Mas esse é o ursinho de pelúcia que a Toey tentou comprar. Eu também ganhei de presente de aniversário.
— Então doa. — Eu me odeio tanto. Ele tenta ajudar, mas eu ainda hesito.
— Tá bom, doar serve. E quanto às flores...
— Joga fora!
— E as fotos de casal?
— Queima.
— E o número de telefone...
— Não importa se é telefone, Facebook, Instagram ou qualquer outra coisa, corta tudo. Se ficar se obrigando a olhar, só vai acabar sentindo saudade de novo. Então é melhor apagar o fogo antes que venha o vento e espalhe. — Ao ouvir isso, fiquei comovido. Jay é tão frio com a minha ex.
— Mas pessoas que terminam podem voltar a ser amigas.
— Ah, seu idiota. A Toey não quer ser sua amiga. Desde o primeiro dia do término ela já te excluiu do Face[2] dela, e ainda fica por aí adicionando gente.
[2] Face: Facebook.
— Foda-se.
— Olha bem pra minha boca.
— Olhar de novo?
— É... segue em frente. — Eu odeio essa palavra até a morte.
— Eu sei.
— Muito bem. Olha de novo pra minha boca.
— Chega!
O que eu estou olhando, afinal?
Sair com alguém cheio de memórias e presentes cria um amor de juventude que passa tão rápido quanto o vento. Olhando para trás, esse amor que antes lhe dava sentimentos, mesmo que tenha morrido, tornou-se justamente aquilo que a maioria quer jogar fora da vida.
Ingressos de cinema que um dia guardei, galhos de flores murchas cobertos de poeira, cartões de aniversário fofinhos, ursos estranhos que um dia achei tão fofos que quase morri, mas agora só consigo murmurar sem parar que são assustadores. Tudo foi jogado na lixeira de qualquer jeito, antes que meu melhor amigo alto viesse selar com fita e finalmente chutar para fora do quarto.
Adeus, Arunothai. Mesmo que eu morra, nunca mais quero saber dessa garota.
Método 2: Passar muito tempo com os amigos
Além do JJ, eu ainda tenho um amigo próximo que estuda o mesmo curso e mora no quarto ao lado. O nome dele é Ben, um garoto gordinho. Esse cara é o mais popular. Tem incontáveis seguidores por causa do seu próprio canal no YouTube. O conteúdo também é impressionante: ele senta para comer comidas deliciosas para os fãs assistirem.
Sempre me surpreendo ao ver centenas de milhares de pessoas assistindo seus vídeos, mesmo quando mostram apenas ele mastigando coxinhas de frango. Depois de ver, minha boca salivou e corri para comprar frango frito para comer.
Hoje, vou esquecer tudo e focar apenas em comer.
— Olá, eu sou o BenG e tenho uma surpresa para todos. Hoje teremos dois amigos a mais para comer macarrão conosco. Se apresentem, rápido. — Depois de arrumar a câmera, era hora de fazermos a live no canal. Para novatos pode ser meio desajeitado, mas vou tentar.
— Oi, meu nome é Wine.
— E eu sou o JJ. Conto com vocês.
Os comentários subiram como chuva forte. Arregalei os olhos tentando ler as mensagens, mas vi que todo mundo só falava do Janjob. Chato. Ter amigo bonito é complicado.
Sem enrolar, ataquei logo o macarrão sem esperar o sinal, comendo até ficar quente e delicioso. Cada um recebeu uma tigela. Se o estômago não tiver uma úlcera primeiro, teremos que dar conta de tudo.
— Tá muito apimentado? — falei, enxugando o suor da testa.
No final da gravação, o mais bonito do grupo ainda estava sentado, sorvendo o caldo de olhos arregalados. Já o Ben seguia tranquilo, feliz comendo sem parar.
— Água? — perguntou Janjob. Não recusei, apenas balancei a cabeça rápido.
— Ben, tem água aí?
— Aqui está, acabei de receber patrocínio da lojinha do dormitório. Olhem a embalagem.
— …
— Aqui, suco de folha de pandan[3], perfumado, refrescante.
— Caralho!!!
Jay gritou alto, enquanto eu quase cuspi o macarrão pelo nariz. Entre centenas de bebidas, tinha que ser logo suco de pandan[3]…
[3] Bai Toey = folhas de pandan. Conhecida como ‘Baunilha do Oriente’. Nam Bai Toey = suco de pandan.
Quase, quase esqueci que um dia tive ela. Mas no fim, lembrei de novo só de ouvir esse nome familiar.
Método 3: Fugir da rotina monótona
— Tá doendo... meu coração dói.
— Quanto drama! Vou te levar para conhecer algo novo, quem sabe ajuda.
— Não vou. — Continuei largado na cama. Depois da aula, não tenho momentos de passear ou sair como outros estudantes. Sou um cara de ficar na minha, feliz nas minhas besteiras.
— Vou te levar pra jantar fora. Anda logo, não enrola. O Ben já mandou mensagem faz uma hora.
Depois de um tempo, não resisti à força bruta do oponente e fui arrastado para um restaurante novo perto da universidade. Como meu melhor amigo cuidava de tudo como uma madrinha, fiquei sentado impotente na cadeira.
— O que pedimos? — Os dois abriram o cardápio animados. — Arroz frito de porco?
— Huuuuuu. — Só de ouvir já me preparei para gritar.
— O que foi, garoto?
— A Toey gosta de arroz frito de porco. Mas agora minha vida não tem mais Toey.
— Então troca!
Depois de evitar pratos que minha ex gostava, escolhemos enfim.
— Tia, três pratos de arroz especial de porco frito com alho e pimenta. — Ben gritou. A pessoa de avental virou-se com olhos furiosos.
— Se me chamar assim de novo, não vendo!
— Escuta... então moça, pode trazer três pratos de arroz de porco frito com alho e pimenta?
— Tudo bem, garotos. — A voz mudou na hora. Logo a dona virou-se e foi preparar o pedido.
— Não se preocupa. Vamos te fazer esquecer a Toey.
— Eu tô em pedaços.
E lá começaram de novo o modo ‘do seu coração para você’ pela centésima vez no dia. Não queria me cansar mais, então fingi ouvir, mesmo sem absorver nada.
— Depois de comer, vamos ao cinema assistir a um filme juntos.
— Por favor, me ajudem a listar os defeitos da Toey que fazem ela não gostar de mim. — Não respondi à pergunta deles, só perguntei algo que martelava na minha cabeça há algum tempo. Um suspiro duplo foi a resposta, até que Janjob me deu um tapa nas costas tão forte que quase engasguei com a água.
— Se alguém deixou de amar, pra quê perguntar por quê? Por melhor que você seja, se ela não te ama, acabou.
— Isso é mais triste do que redação de duas páginas.
— Força.
— Quer que eu lute com o quê?
— Aqui, com meu pé.
Ainda bem que teve porco com alho para me consolar, fiquei cheio e segui em frente um pouco.
Às 19:30 continuamos juntos.
Ben vem de uma família rica, é o único do grupo com carro. Dependemos dele para ir a qualquer lugar, dividindo os custos. Mas quando me sentei no carro e ia comprar ingresso pelo app, a música Moonlight do grupo 92914 começou a tocar alto. Fiquei paralisado, com as lágrimas caindo sozinhas.
— Essa música é tão boa. Outra que eu gosto é Okinawa.
— Wine, respira fundo, solta devagar. — Jay bateu de leve no meu ombro, como se entendesse. Já o dono do carro, nem notou, só cantarolava feliz.
— O que houve com você?
— Esse grupo... é o que a Toey gosta. Huuu.
— Droga. Vou trocar logo.
— Me entenda, eu tô machucado.
Coitado dele, teve que ficar trocando música várias vezes por minha causa. Mas parecia até provocação, porque a playlist seguinte estava lotada só de músicas do 92914... todas elas.
Método 4: O medo ajuda a parar de pensar nisso
Não ia a um parque de diversões há anos. A última vez foi num passeio escolar no ensino fundamental. Não esperava que no sábado meus dois amigos me arrastassem até lá.
— Pensa que a Toey é como essa montanha-russa, assustadora. Tá na hora de esquecer.
— Sério? — Ouvir conselhos de alguém como Janjob sempre me deixa meio desconfiado.
— Tem que tentar. Quando estiver lá, pense na cara da Toey.
— Já chegamos até aqui, vamos ver no que dá.
45 minutos depois, descobri...
— Toeyyy!!! Toeyyy!!!
— Socorro!!! Me solta daqui!!! — Ben e Jay estavam pior do que eu, eles gritavam como se fossem rasgar a garganta.
Muitas vidas ficam presas em montanhas-russas de alta velocidade. Ela girava 360 graus no ar antes de nos levar ao ponto mais alto, tudo isso só para nos jogar para baixo sem dó. Quando me dei conta, desci e fiquei de pé, despenteando os cabelos, entre meus dois amigos que se abraçavam e vomitavam sem parar.
Resumindo, Toey não desapareceu, mas o que sumiu foram as almas do Ben e do Jay. Incrível!
Método 5: Foda-se
No livro, havia uma citação: “Mesmo que o amor vá embora, não importa o que aconteça, as memórias provavelmente ainda estarão lá”. É verdade absoluta. Por isso, quando no fim não conseguimos superar os sentimentos, o melhor é deixar tudo quieto, sem buscar maneiras de esquecer. Mas acredito que um dia, o que sinto hoje vai virar a comédia mais engraçada da minha vida.
— Tão animado, o que você vai fazer?
Meu amigo alto saiu apressado do banheiro. Vestiu cuidadosamente roupas impecavelmente passadas e arrumadas, junto com a gravata. Pode-se dizer que estreou com uma aparência tão estilosa que atraiu olhares. Pensando bem, eu realmente queria postar a foto dele vomitando e rasgando a garganta no brinquedo de ontem.
— Pra estar assim tão animado, você está sendo meticuloso até demais.
— Dia de pegar o código, preciso estar bonito. — disse, ainda levantando as sobrancelhas para mim duas vezes.
— Basta pegar o código, não exagere.
— Wine, pensa bem: hoje é o encontro dos veteranos de todos os anos. Se você se arrumar bonito, alguém pode se apaixonar por você.
— Tá bom, tudo bem.
Caso alguém não saiba, meu amigo gosta de mulheres mais velhas.
— Você também precisa parecer formal. Borrifa um pouco do meu perfume, garanto que todo mundo que sentir vai cair nos seus braços. — Me diga primeiro: isso é perfume ou anestesia?
— Não borrife.
Antes que eu terminasse, ele já tinha borrifado em mim, tudo bem. Mas, pra ser sincero, o cheiro era bom, sem brincadeiras. Ainda bem que Jay borrifa uma fragrância diferente em si, senão ninguém distinguiria quem é quem.
Como esquecer você - Parte 2
O bom dia de receber os códigos chegou. Sério, estou tão nervoso quanto o Jay.
Alunos do primeiro ano de todos os cursos estão sentados juntos na sala comum, cercados pelos veteranos do segundo ano em diante. A equipe de apresentação trabalhou a todo vapor, cantando, tocando e dançando com toda a força, mesmo que desta vez estivesse prestes a anunciar o código, não importava.
Os garotos e garotas chamaram os alunos do primeiro ano para se alinharem de acordo com o curso e os organizaram por nome em ordem alfabética, então, se você esperava sentar perto de alguém próximo, era impossível.
— Por favor, deixem os alunos do departamento de informática irem em seguida.
— Quiuuuuuuu. — O mestre de cerimônias profissional terminou de falar pelo
microfone em meio aos aplausos e gritos de toda a sala. Jay sentou-se naquela fileira. Ele é muito falado por causa de sua bela aparência da cabeça aos pés.
No minuto em que ele enfiou a mão na caixa de sorteio e o mestre de cerimônias anunciou seu nome e código, os gritos ficaram ainda mais altos.
— Janjob conseguiu o código de mentoria 0439.
Uma garota veio correndo de um grupo de alunos do 2º ano. Ela tinha cabelo curto, franja, pele clara, mais de 1,50 m de altura e parecia extremamente fofa. A cena muda para Jay, que está ali parado, rindo até secar. Quero dizer: mantenham a sua imagem um pouco melhor! É loucura vocês terem o mesmo código. Não precisa ser um amor, só ser irmã na vida dele já é insuportável.
— Próxima fileira, por favor, levantem-se.
Entretido em observar inúmeros amigos recebendo seus códigos, era hora de me arriscar.
O som dos tambores continuou a ressoar com o ritmo de cada passo, até o momento em que meus dois pés pararam e se posicionaram no meio da grande sala de estar, agora repleta de inúmeras pessoas. Eu quase não sabia o que fazer, exceto ficar parado, olhando para o teto, ouvindo os sons ao meu redor.
— E a próxima pessoa? Vamos nos apresentar. — Finalmente, o microfone foi levado à boca.
— Olá. Meu nome é Wisawa, meu antigo nome é Warat. Podem me chamar de Wine, abreviando.
— Ohhhhhhhhhh. — Meus amigos começaram a bater palmas animadamente. O que houve? Acho que também me apresentei normalmente.
— Ele é tão fofo. Então você pode retirar o código.
Parece que todos estão mais nervosos do que eu agora.
O pedaço de papel enrolado era pequeno e branco e foi recolhido e entregue à pessoa mais velha. Só agora começo a entender como é a sensação quando as pessoas anunciam os resultados do Miss Universe.
— N’Wisawa[4] tem o código de mentoria 0682.
[4] N’: abreviação de Nong, é a forma de se referir a pessoas mais novas. Também pode significar “irmão mais novo”.
No final dessa frase, os aplausos gradualmente se tornaram extremamente silenciosos. Além disso, meu mentor também desapareceu sem que ninguém soubesse onde ele estava, a ponto de as pessoas o anunciarem novamente.
— Onde está o código de mentoria 0682? Ele está esperando.
Silêncio. Ou talvez eu não tenha meu código.
— Seu código é...
— Código familiar divino.
— Nossa, isso não para, não para mesmo. — Depois de esperar sabe-se lá quanto tempo, meu mentor finalmente apareceu.
Vendo muitos garotos e garotas gritando até perderem a voz, não havia mais dúvidas. Mas na situação de alguém saindo da multidão com uma coroa de calêndulas, todos os pensamentos na minha cabeça estavam em conflito.
Hoi! Sério, nós, humanos, precisamos ser tão bonitos? Ele era muito alto, vestia uma jaqueta azul-marinho de engenheiro e calças rasgadas. Seu rosto era frio e sombrio, e seus olhos me encaravam sem desviar o olhar. Ele parece respeitável e assustador ao mesmo tempo. Basta um olhar para perceber que ele provavelmente é uma pessoa famosa no departamento, mas ser famoso em qualquer aspecto é outra história.
— Olá. Meu nome é Yotha. Estou estudando Engenharia Civil. — No momento em que parou e ficou na minha frente, soltou uma voz grave, jurando que qualquer um que a ouvisse provavelmente desmaiaria e morreria ali mesmo.
Lindo do rosto à voz, o mundo é extremamente injusto.
— Hã... Meu nome é Wine. Pode me chamar de Wine, Wisawa ou Warat. Eu estudo computação. — Levei um bom tempo para encontrar minha própria língua.
— É um prazer compartilhar o código.
Quando ele disse “prazer”, ele olhou para o próprio rosto? Sua expressão é a mais apática do mundo.
— Eu também estou feliz, é um prazer. — Dei um leve sorriso. Então, o veterano com o número da placa vermelha segurou uma coroa de calêndula na mão e a colocou em volta do meu pescoço enquanto se despedia antes de se separar e eu retornar à fila.
Se ele fosse outro veterano, eu provavelmente teria ouvido a frase “Vamos nos encontrar depois de receberem os códigos”. Se não, seria algo como “Por favor, me dê seu contato”, ou algo assim. Mas o veterano P'Yotha[5], mantendo a cara séria, abriu a boca e disse com uma voz suave…
[5] P’: abreviação de Pi, é a forma de se referir a pessoas mais velhas. Também pode significar “irmão mais velho”.
— Fuja da fila, vamos comer. — Oi?! Que tipo de pessoa você é?
— Tá tudo bem fazer isso?
— Não tem problema. Até mais, N'Weesarut.
— Ei, você!
— …
— Meu nome é Wisawa. — Ei, você se lembra de algo sobre mim? Que loucura.
Ele disse para eu fugir da fila, mas na verdade tive que ficar até o fim da atividade. Só tem uma coisa chata: ser arrastado para ir cumprimentar pessoas mais velhas.
O código divino é extremamente carinhoso, acolhedor e bem complexo. Dá para ver que mesmo depois que os veteranos se formam, eles ainda passam para cuidar dos juniores. Então eu conheci P'Jet, o namorado da veterana do quarto ano, P'Yeepun. E o veterano que acabou de se formar e está se preparando para receber o diploma este ano, o P'Arc, ele é o namorado do P'Arm, que está no terceiro ano.
Por isso eu disse que é extremamente complicado e confuso.
E o P'Yotha disse que ele é a pessoa mais fria do código. Menos estresse na hora. Porque se tivesse alguém mais frio que ele, eu provavelmente não saberia como me comportar direito a longo prazo.
Hoje os veteranos não puderam ir ao jantar de mentores comigo, então aproveitaram para passar e me trazer muitos presentes de boas-vindas. Quando eu voltei para o quarto de novo, a atividade de recepção de código já havia terminado. Todo mundo se separou e foi para seu lado. Quanto a mim, segui meu veterano com o mesmo código até o restaurante japonês na área da universidade para nos conhecermos melhor.
— Escolha o que quiser comer. Eu vou sair e falar no telefone um pouco.
— Ok, ah! — O cardápio foi aberto, folheado várias vezes e finalmente escolhi um prato, só esperando P'Yotha voltar para escolher o prato dele.
Quem imaginaria que, ao retornar ao restaurante, o mentor alto fosse direto sentar em outra mesa sem dizer uma palavra. Foi tão engraçado que a garotinha coçou a cabeça confusa.
Passaram-se muitos minutos e P'Yotha não dava sinal de que voltaria para me procurar, mas continuou sentado abrindo o cardápio e olhando sozinho. Então juntei toda a minha coragem e fui procurá-lo porque tinha medo de que ele esquecesse que trouxe um nong como eu com ele ao restaurante.
— Vamos trocar de mesa? — Sem esperar resposta, levantei a cintura e sentei na cadeira em frente.
O dono do rosto retirou os olhos do cardápio à minha frente e me olhou em silêncio. Demorou bastante para receber uma resposta com rosto calmo.
— SIM.
— Já escolhi o prato.
— O que você quer comer?
— Arroz com curry e água filtrada está bom.
— Está satisfeito? Pode pedir mais. — Se eu pedir mais, vai ficar tudo bem. Então, olhando o preço dos pratos, não parecia nada “suave”, mas quando ele disse isso, não pedir mais pareceria falta de educação.
— Então vou pedir mais uma porção de frango frito karaokê.
— Ah, quando eu ouço isso, quero pegar o microfone e cantar uma música, karaokê, né?
— É isso.
Provavelmente foi a primeira vez que vi P'Yotha sorrir. Na verdade, é mais correto dizer que ele tentou se controlar para não rir alto.
— Só tem alguns pedaços de frango, por favor peça mais ou eu peço. — No momento em que a pessoa à minha frente levantou os olhos, cada palavra que ele havia pensado pareceu sair de seus arquivos. Alguém já disse: não faça isso com ninguém, meu coração fica tão vazio quando você me olha.
— Ah… você pode pedir.
— Então tempura? Você é alérgico a camarão? — Balancei a cabeça. Depois disso, P'Yotha esforçou-se tanto para pedir comida que eu nem conseguia chorar. Quanto mais você pede, mais você paga.
— Não peça muito, você não vai conseguir comer tudo assim.
— Eu pago essa refeição.
Ha! Ao ouvir isso, praticamente engoli as palavras a tempo.
— Na verdade, não tem tanta comida quanto eu pensei, posso pedir mais.
— Tô brincando.
— Eu não.
— Tá triste? Vejo meus olhos se estreitando. — Minha cara já tá assim, seu desgraçado.
— Não.
— É bom não ficar com sono. Esse restaurante tem comida gostosa, o ar-condicionado é gelado e, o mais importante, não tem mosquito.
— Sim.
— Da próxima vez, não passe muito repelente de mosquito. — Fiz uma cara confusa e ele completou. — Passou repelente. Cheira a capim-limão, né? — Ele transformou o perfume caro do Jay em algo sem valor. Yotha... você me deixa mal.
— É perfume, não capim-limão.
— É mesmo? Vamos escolher mais pratos então. — Aí ele mudou drasticamente, trocando logo o assunto.
Na verdade, eu realmente quero fazer rap e xingar, mas só consigo pensar no meu coração. Não muito depois, quando todos estavam em silêncio, alguém se aproximou da mesa e quebrou o silêncio. Mas em vez de ser o funcionário, como pensei, tive que me virar e esfregar os olhos duas ou três vezes para provar claramente que não estava tonto.
P'Yotha!!!
A pessoa em pé era bem parecida, e o cara sentado também, eles são gêmeos? Hey, tá tudo embaralhado.
— Você está aprontando comigo e com meu calouro? — A pessoa que acabara de chegar começou o assunto, mas eu ainda fiquei sentado em silêncio, virando para olhar os dois.
— Eu não fiz nada, seu calouro veio me procurar na mesa por conta própria.
— Wine. — Então meu nome foi chamado.
— P'Yotha? — Olhei para a pessoa em pé, ele também confirmou.
— Sim.
— Ei, se você é o Yotha, então este é…
— Meu irmão gêmeo.
— …
— O nome dele é Faifah.
Como eu pude conversar com um estranho por tanto tempo?
— Olá, P'Faifah, meu nome é Wine. — Fiz minha apresentação rapidamente.
A verdade chocante de hoje é que Faifah é tão parecido com Yotha que assusta. Somando a voz, se você não observar ou ouvir com atenção, provavelmente não conseguiria distingui-los. Além disso, eles se vestem quase iguais, quem não ficar confuso deve ser maluco. Não é só a aparência, as personalidades também parecem muito similares.
Bonitos, sérios, frios, mas às vezes sorriem por acidente e ficam atraentes.
— Olá, N'Wine. Na verdade, eu não quis te enganar, eu só não falei a verdade.
— É tipo trapaça. Por que não me falou antes?
— Ei, não fiquem chateados.
Desculpa pelo que eu estava pensando antes, por favor me deixe jogar tudo fora. Cadê a seriedade fria? Assim que eu o vi encolher a língua, revirar os olhos e cambalear na minha frente, achei que era quase impossível.
— Seu irmão é louco, Yotha. Deixe ele se sentar aqui, dá um tempo para nos entendermos.
P'Yotha não disse nada, só pegou a cadeira ao meu lado e sentou. Pedimos mais comida e antes dela chegar, a caloura do P'Faifah apareceu, ofegante e sem fôlego.
Aquela amiga eu nunca tinha visto antes. Como nosso curso tem muita gente, é impossível conhecer todo mundo. Ela é uma garota alta, de cabelo longo e cacheado e estilo hipster. Nos apresentamos e então descobrimos que o nome dela era Pin.
A comida foi sendo trazida aos poucos para toda a mesa. Esse é o momento em que as pessoas conversam e tagarelam. E eu ainda sentava em silêncio, observando secretamente os gêmeos ao longo do tempo para achar as diferenças entre eles
A primeira coisa que dá para ver claramente é que as personalidades são extremamente diferentes. Quando ele revelou seu verdadeiro eu, a personalidade do P'Faifah ficou ainda mais diferente do que se mostrava no começo.
Ele parece tão leve e feliz que chega a ser doido.
— O que você está fazendo olhando pro meu rosto, N'Wine? — A pessoa se assustou, meus pensamentos voltaram para a pessoa à minha frente outra vez. Eu realmente odeio esse cara Faifah quando ele se diz mais velho, ele é extremamente mentiroso.
— Eu não olhei.
— Ver é olhar. Você está tentando distinguir meu rosto do rosto do Yotha? — Ele sabe. — Ok, vou explicar algumas coisas pra ajudar.
— Fale agora.
— Eu sou 2 cm mais baixo que ele.
— 2 cm? Quem pode notar? Você é uma pessoa, não uma régua.
— Vamos tentar pelo cabelo. Você vê a diferença?
— Ah. O cabelo do P'Yotha é macio, enquanto o seu é um pouco mais áspero.
— Mestre da observação.
— Desculpa. — Mamãe disse que pedir desculpas fará tudo se resolver.
— Mas se for personalidade, você consegue notar a diferença. Yotha gosta de ficar com a cara em branco, frio, silencioso, calmo, sem emoção. Por isso o pessoal do curso o chama de ‘Sr. Escuridão’ do departamento.
— Hey, meu veterano tem o mesmo código que você, é muito sombrio.
— Gato, boa personalidade, dá conta de tudo, sabe mimar bem.
— Bom ponto.
— Bom? E eu não tô falando do Yotha, tô falando de mim. — Hum, pode me deixar ir espetar uns pedaços de frango?
— Que pessoa se elogia desse jeito?
— Se acostume, Faifah é louco por si mesmo. — Finalmente, a pessoa ao meu lado que ficou calada tanto tempo abriu a boca para entrar na conversa. Mesmo que P'Yotha fizesse uma cara extremamente entediada, talvez ele já esteja acostumado. Eu, só nós, não conheço ninguém.
— Você consegue perceber de Urano. — Repito de novo, e a pessoa em questão contra-ataca rápido.
— Você sabe. Dá para ver lá do cinturão de Saturno que você não entende nada. — Ai... ai.
— Por que tá abrindo a boca pra mim? Vocês estão se xingando?
Ai... ai.
— Minha história.
— Ok, ok. O frango frito karaokê é bom?
— Ei, procurando encrenca?
— Por que é tão fácil te irritar? É divertido. — Quem estiver feliz com você, acho que consegue se divertir sozinho.
Mas eu tenho que me esforçar para não me irritar também, mesmo que a mesa inteira fique brava com ele a cada 10 segundos. Quando terminei de comer e pagar, quase quis dizer tchau e voltar para o colchão no meu quarto, mas ainda tinha um problema: eu não podia ir para casa ainda.
Os dois irmãos ainda estavam discutindo sobre dinheiro, todo mundo brigando para pagar. Ah, por que a minha vida com meus irmãos e irmãs não é assim? Quando terminamos de resolver, o tempo havia passado e já eram quase 15 horas.
— Você tem o mesmo código que eu e vai voltar pro seu amor. Eu tô tão sozinho. Você pode, por favor, levar meu irmão pra casa?
— Você pede muitas coisas.
Os outros foram embora primeiro, então só restou nós três. Internamente, eu só rezei para que Faifah não me levasse pra casa, meus nervos iriam explodir. Mas parece que a sorte não estava ao meu favor. Quando o som de uma chamada no celular do P'Yotha o interrompeu, só ao inclinar a cabeça para ver a tela, seu gêmeo gritou como se soubesse de tudo.
— Aqui, sua esposa está ligando.
— Vamos, deixe eu levar seu calouro pra casa. Eu sou uma pessoa livre.
— Wine. — Não acredito, ele e meu mentor vão soltar essa bomba.
— Sim?
— Com quem você quer ir pra casa? — A vida tem que me fazer escolher de novo? Quem é extremamente próximo de mim, sabe que é quase impossível pra mim decidir.
— Err…
Olhando para a esquerda tem uma pessoa sombria, olhando para a direita tem uma pessoa doida. Será que eu juntei um carma pesado que eu precise carregar nesta vida? O celular continuava tocando sem parar, como se o dono esperasse uma resposta minha.
Agora há pouco eu ouvi o namorado dele ligando. Eu sou uma pessoa boa, como eu poderia atrapalhar o amor dos outros? Então se eu tivesse que escolher, provavelmente restaria só um nome.
— Quero voltar com P'Faifah.
— Ok. — O irmão mais velho respondeu brevemente, e o irmão mais novo alcançou e beliscou minha bochecha puxando sem parar.
— O baby Wine mais fofo.
Qualquer um pode ficar com ele e trancar, que trabalho.
Depois de concordarem, ele e eu fomos rápido com meu código, e os dois caminhamos juntos até o carro estacionado um pouco longe do restaurante. Mais tarde, quando eu chegasse no dormitório, provavelmente poderia descansar.
— P'Faifah, tenho uma pergunta pra você.
— Pergunta.
— Por que você quer me levar pra casa?
— Quero cuidar de você.
— Oh, se você dissesse isso para outros, milhares de pessoas cairiam na armadilha.
Ainda bem que eu não sou do tipo que cria ilusões sobre ninguém, não importa de quem venha.
— Valeu.
— Tudo bem, eu me ofereço. Vamos. Mas vou estacionar um pouco longe, não tem vaga.
— Sem problema.
Mas do restaurante até o carro dele, só uns 100 metros, aconteceu algo que eu nunca imaginei antes e muito menos achei que aconteceria.
— Ei, Yi, pra onde você vai?
— Meu carro quebrou, Faifah, tô esperando alguém me buscar.
— Então vamos juntos, a gente te leva pra casa.
— Tudo bem mesmo? Sou tímido.
— Somos amigos. Venha logo.
— Vou incomodar um pouco então. — A cena aconteceu num instante, mas tivemos mais uma companhia bem bonita no caminho. Mas ainda não acabou. Depois de caminhar um pouco, ganhamos outro companheiro de viagem, confuso.
— Kim, pra onde você vai?
— Tive uma briga com minha namorada. Droga, ela pegou o carro e me largou aqui. Estou tão irritado.
— Ei, deixa eu te levar pra casa.
— Já te incomodei tantas vezes, Fai. Vou pegar um Grab[6].
[6] Grab é uma empresa multinacional de tecnologia que oferece um aplicativo de serviços de transporte no Sudeste Asiático.
— Pra quê perder tempo? Meu carro é grande, vamos juntos.
— Certeza? Ok, ok. Muito obrigado.
E ainda... não parou. Reuniram mais pessoas para nos acompanhar.
— Miew precisa de ajuda? Pra onde você vai? — Que droga, Faifah. Odeio quando ele é simpático assim.
Deixa eu perguntar: é veículo pessoal ou carro comunitário? Aceita os dois tipos de serviço.
— Estou transportando o tambor pro Escritório de Assuntos Estudantis.
— Como vai levar?
— De moto.
— Que ruim. Pode levar no meu carro, ele tá vazio.
O quê?
Diga de novo! O carro tá vazio?
— Obrigada, Faifah. Posso levar mais um amigo comigo? Ele deve levar um banner com ele.
— Vamos agora, meu carro tá realmente vazio.
— E quando todos se juntaram até chegar num carro preto, vimos a verdade… O carro dele não era tão espaçoso quanto pensávamos.
Seis pessoas que nem se conheciam antes, mais os tambores e banners atrás estavam espremidos no carro, quase chorei com isso. É tão humilhante. Isso que você quis dizer com “quero cuidar de você”, Faifah?
Nesse momento percebi que ele não queria cuidar só de mim, ele queria cuidar do mundo inteiro. Se o universo tivesse outro mundo, provavelmente ele iria se voluntariar para ajudar eles também.
Ok. Comecei a distinguir P'Faifah de P'Yotha. A questão da bondade, generosidade e espírito de caridade talvez deva ser entregue ao mais novo. Seis pessoas... todos aqui nem se conheciam antes, mas existe um fio que nos conecta. Todo mundo conhece um garoto, ele sorri no banco da frente, atrás do volante, aqui mesmo.
Querida Arunothai…
Sabe? Hoje eu conheci alguém que me ajudou a esquecê-la.
Porque a partir de agora, nos sentimentos de um garoto chamado Wisawa como eu, provavelmente só vou lembrar... do rosto dele, da voz dele, do sorriso e da gentileza. Não importa quanto tempo passe, nunca haverá um dia em que irei esquecer. O nome desta pessoa é... Faifah.
FIM DO CAPÍTULO