PRÓLOGO
INTRODUÇÃO
PRÓLOGO
INTRODUÇÃO
— Antes de entrar na sala de entrevista, peço a colaboração de todos. Por favor, sentem-se do lado de fora e mantenham a ordem. Se quiserem se conhecer, falem um pouco mais baixo para não incomodar as pessoas que estão lá dentro.
Ao final do pedido do veterano, os jovens de uniforme escolar, sentados espalhados por todo o lugar, silenciaram suas vozes obedientemente.
Felizmente, antes da entrevista, enquanto esperava na frente da sala, tive tempo de conhecer novos amigos. Mas há uma pessoa que é mais especial do que outros amigos.
O nome dele é Warat, e ele é uma pessoa sem graça. Sua vida se resume a voltar para casa quando a escola acaba. É uma pessoa indecisa, muitas vezes hesitante, incapaz de fazer qualquer coisa sozinho, pois sua família cuida de tudo. Nunca lavou roupa, nunca passou roupa, nunca lavou louça ou cozinhou, mesmo que fosse um prato simples. Como ovos fritos, que também é um prato que ele ainda não sabe preparar de forma saborosa.
Warat tem 4 irmãos. Ele é a pior pessoa da casa atualmente. Seu maior objetivo é viver às custas dos pais todos os dias até que eles ascendam ao céu. E, além disso, ele foi abandonado por uma garota há menos de um mês.
Se você acha que a vida dessa pessoa já é ruim, eu diria que é ainda pior. Porque esse cara que acabei de mencionar… Sou eu.
— Ah, será que o Sr. Warat ainda está vivo ou se ele está podre e prestes a se decompor?
Uma voz baixa e rouca familiar ecoou no ar. O silêncio que prevalecera a princípio foi quebrado quando alguém se sentou no assento ainda vazio ao meu lado. A poluição sonora me fez respirar fundo, desconfortável, antes de me virar e olhar com ar cansado para a outra pessoa.
Além de mim, que os outros acham tão especial que chega a ser estranho, ainda tenho um amigo próximo com uma personalidade maluca.
— Então seu corpo pode falar? — respondi num sussurro. Quero preservar minha imagem, mas meu humor costuma ser amaldiçoado.
Lembro que a última vez que nos encontramos, foi no começo do mês passado. Combinamos com outros amigos de assistir juntos ao anúncio dos resultados de admissão na universidade. Mas depois que todos souberam que tinham passado, cada um seguiu seu caminho e viveu intensamente até o fim do semestre. Até hoje, quando ele e eu nos encontramos de novo.
— Vendo que sua boca ainda funciona bem, fico aliviado. Mesmo sem nos vermos por um tempo, você emagreceu bastante. Está comendo arroz ou peixe? — O tom do meu amigo era leve, com preocupação, em contraste com seu rosto que parecia pronto para ser sarcástico, não sei como.
— Não tem peixe, então não como.
— Tá aí o motivo de você ser burro.
— É, eu sou burro. Mas provavelmente menos do que você.
— Xingar não me atinge, coitado.
— Espera! Onde você estava? Você está quase para entrar na sala da entrevista. — Não me importei com o que ele disse, só queria mudar de assunto.
— Fui cagar. Você sabe que sempre faço isso quando fico nervoso.
— É bom se cuidar primeiro para não virar peso para os amigos.
— Não sou seu peso, Warat. Porque você nem consegue carregar a si mesmo.
Droga...
Cansado de revidar, deixei o silêncio fazer seu trabalho. Ainda lembro de muitas coisas antes da formatura. A bela vida do ensino médio terminou com despedidas poucos dias depois da divulgação dos resultados da universidade.
Muitos casais, mesmo distantes, ainda continuaram namorando.
Mas Toey... ou seja, minha ex, não acreditava em relacionamento à distância. Só de passar no vestibular já significava ter menos tempo juntos. Às vezes, só a palavra “amor” pode não ser suficiente.
Então vou dizer aqui e agora: não me arrependo nem um pouco!
— Pensando em algo? — A pessoa ao meu lado perguntou. Mas eu apenas fingi negar.
— Nada.
— Lembrando da Toey? — Nós nos conhecemos bem.
— Não.
— Vai mentir para o cachorro? Nem ele acreditaria.
Tá bom, admito que menti.
— Ter alguém é como um cigarro. É bom enquanto você fuma, mas doloroso quando decide largar.
— Que besteira você está falando, seu idiota?
— Pois é.
— Quanta bobagem! — Em vez de ouvir palavras de conforto, recebi um xingamento em troca. — Além disso, se você fumar alguma dessas besteiras em algum lugar, provavelmente vai virar hipster, e ainda faria um favor para si mesmo.
— Você não pode ter um pouco de consideração por mim? Eu tô sofrendo.
— Não exagera.
Ao ouvir isso, respirei fundo pelo nariz antes de cantar...
— Quando o tempo acabar, talvez seja preciso seguir em frente. Mas o que fica no coração é a nostalgia que você provavelmente nem percebe~.[1]
[1] Letra da música ทำได้เพียง – 25hours.
— Não acho que você esteja de coração partido, só tem uma voz péssima para cantar.
— Queria palavras de conforto, não xingamento.
Brincar com alguém que me conhece há muito tempo me faz questionar se realmente nos amamos ou não. Pensando nisso, dói mil vezes mais. No ensino médio, éramos grudados como bala de caramelo. Assim que entramos na faculdade, a sorte ainda nos colocou no mesmo curso.
— Próximo número, Warat Unorun pode entrar na sala de entrevistas.
...
— Warat?
— Wine!
— Hã?
— Chamaram você. Está planejando cursar esse departamento mesmo?
Enquanto estava imerso em lembranças e na longa amizade, todos os pensamentos na minha mente foram interrompidos pela mão pesada do meu melhor amigo batendo na minha cabeça. Virei para os lados. Levantei rapidamente quando vi que a responsável estava confusa, então ajeitei minhas roupas e me preparei para essa batalha importante.
A primeira imagem que se vê não é diferente do que se imagina. Entrei na sala onde três professores eram os entrevistadores. Mesmo de fora, dava para notar que ainda eram relativamente jovens. Mas meus sentidos também diziam que eu seria questionado sem parar. Ainda bem que preparei as respostas das questões teóricas, então pensei que talvez não fosse difícil passar.
— Por favor, sente-se!
O pedido soou em meus ouvidos antes que eu engolisse em seco e me sentasse em silêncio.
— Conte-nos um pouco sobre você. Diga-nos qualquer outra coisa, por que deveríamos aceitá-lo para estudar aqui? — O professor de óculos foi quem começou a me colocar em apuros de forma inesperada. Assim que ouvi, respondi rapidamente, sem pensar muito.
— O... olá. Meu nome é Warat Unorun, mas agora meu nome mudou.
— Hm? — A pessoa à frente franziu a testa surpreso. Para não perder tempo, tirei rapidamente os documentos da pasta e os entreguei, sem esquecer de colocar primeiro meu perfil pessoal no colo.
— Mudei só na semana passada.
— Por que mudou? — O professor mais jovem abaixou os olhos para ver o papel. — E como o nome Wisawa[2] é melhor que Warat?
[2] “Wisawa” é a abreviação de “Wisawakammasart”, que significa engenharia.
— Acontece que fui ao templo e jurei que, se passasse no exame, mudaria meu nome para o nome do departamento. Então tenho que cumprir esse juramento.
— Os alunos do nosso departamento ficam mais estranhos a cada ano.
Parecia que o dono da frase nem estava falando comigo, mas sim com o colega ao lado. Isso deixou o ambiente mais leve. Quanto mais ouvia as risadas aumentarem, mais aliviado eu ficava.
— Ano passado, teve alguém com um nome esquisito.
— Anon, que significa ‘aquele que não tem dívidas’.[3]
— E Gunyukol, que significa ‘orelhas bilaterais’.[3]
[3] Referência às novels Engineer Cute Boy: Hottie & Cutie e Engineer Cute Boy: Sunshine & Darkness, respectivamente.
É... os nomes são mesmo estranhos. Até fazem o meu, que carrega apenas um juramento, parecer normal.
— Desculpe, pode se apresentar de novo, estamos ouvindo.
Me assustei quando a conversa deles terminou abruptamente e todos voltaram os olhos para mim.
— Sempre sonhei em estudar Engenharia. Esta também é a minha universidade dos sonhos desde o ensino fundamental.
— Mas você escolheu nossa universidade como última opção?
Ai, vontade de bater minha cabeça na parede para ver se eles aprendem a viver, oooohhhhh.
— Bem, na verdade eu queria escolher como primeira opção. — E no final da frase, minha voz foi baixando. — É só porque minha mãe queria que eu ficasse mais perto de casa.
— Hum. — O ouvinte apenas assentiu, enquanto rabiscava algo no papel. Nesse momento, o professor sentado à direita foi quem quebrou o silêncio.
— Warat.
— Wisawa. — Era só uma pergunta, mas eu precisava corrigir.
— Ok, Wisawa. Pronto para responder às perguntas?
— P… pronto... sim.
O rosto sério dele fez meu peito apertar, quase sem conseguir respirar. Esse era o momento mais difícil da entrevista. Temia não conseguir passar, assim como meu antigo amor não conseguiu durar.
Buda, por favor, proteja-me, traga bênçãos.
— Qual matéria você mais gosta? — Começaram com uma pergunta fácil.
— Gosto de todas.
— Escolha uma.
— P… posso escolher duas?
— Adorei a ousadia! Então responda as duas.
— Gosto de matemática e tecnologia da informação.
Estudar ciência da computação exige expor opiniões. Mesmo sem tanta certeza do meu desempenho, sabia que precisava responder de imediato para não travar.
— Nosso departamento é puxado. Todos os anos, quase metade dos alunos desiste, e esse número só aumenta. Acha que vai aguentar?
— Sim, eu consigo. — Não importa o quanto seja cansativo ou difícil, arrastarei meus amigos junto comigo.
— Suponha que tire um F no primeiro semestre, o que fará?
— Ainda não tenho um plano B, porque acredito que isso não vai acontecer.
— Sua confiança é quase três vezes maior que suas notas de ingresso. — O avaliador murmurou. E eu, só suspirei e suspirei de novo, com o peito doendo.
— Então, quais são seus pontos fortes e fracos? Não precisa esconder nada.
— Minha vantagem é ser um leitor muito dedicado.
— Mas às vezes as respostas não estão nos livros.
— Um dia estarão. — Argh! Nessas horas, minha boca corre mais rápido que meu cérebro.
— E as fraquezas… — Só de começar a falar, meus lábios tremiam. — Não sou bom em inglês. Além disso, não tenho perfil de liderança, não consigo decidir nada, dependo dos outros para tudo.
Isso foi o que minha ex já havia dito. Talvez fosse até um motivo melhor do que a desculpa da distância.
E aí estava. Quando algo toca o coração, mesmo de leve, as lágrimas vêm, mostrando que vale a pena lutar.
— Está com tanto medo de nós que vai chorar? — A pergunta me fez encarar direto o professor.
— Não. É só que...
— Parece uma pessoa de coração partido.
O QUÊ?! Como ele sabia disso?
Estava lendo meus pensamentos? Perguntas corriam pela minha cabeça. E mesmo sem admitir ou negar com palavras, meu corpo reagiu mais rápido: balancei a cabeça sem parar.
Professor, estou quase sem forças para segurar minhas lágrimas másculas. O mundo é tão cruel.
— A questão é...
— Está bem, não precisa nos contar. — Antes que eu pudesse explicar, fui interrompido, deixando minha cabeça girando.
— Mas, apesar dessas fraquezas, prometo que, se puder estudar aqui, vou me esforçar para melhorar.
— Muito bom, Warat.
— W... Wisawa.
— Desculpe, desculpe. — respondeu com uma risada alta. — Todo ano temos entrevistas como exercício. Mas acho que você deve estar cansado da prova pesada, então só quero fazer mais uma pergunta: já que espera passar, o que você espera obter aqui?
E agora? Prepararam um monte de questões teóricas, e de repente jogaram uma pergunta aberta dessas. Para mim, que nunca saí da caixinha, só havia uma resposta...
— Espero fazer coisas que nunca fiz antes.
— Hum. Como o quê?
— Cozinhar, lavar roupa, lavar louça, limpar o quarto, e também...
— Pare por aí. O que você quer já é um nível altíssimo. — Os três riram, segurando o riso, enquanto eu me coçava todo sem saber onde enfiar a cara.
Depois de preencher algumas informações no papel, eles levantaram o olhar para mim, sérios, até que um deles falou com voz suave:
— Você já passou por muita coisa no ensino médio, mas a faculdade é o primeiro passo para algo novo. Então não fique preso ao passado. Venha estudar aqui e encontrará mais do que espera.
— Sério? — Meus olhos se arregalaram, cheios de entusiasmo.
— Se não acredita, pergunte aos veteranos.
— Então isso significa que passei no exame?
— Ainda não 100%, espere o resultado oficial.
— Muito obrigado. Vou estudar e dar o meu melhor.
— Espere o anúncio do resultado primeiro.
— Com certeza não vou decepcionar.
— Espere o resultado.
— Obrigado, professor.
— Ohhhhhh. Chamem logo o próximo, estou cansado.
Em meio aos suspiros e às caras entediadas dos professores, meu coração dançava de alegria, porque vi a luz no fim do túnel. E assim começa a nova jornada do Sr. Warat, agora chamado Wisawa.
Uma jornada que fará o coração esquecer o antigo amor.
E entrar em um novo mundo, nunca visto antes…
FIM DO CAPÍTULO