CAPÍTULO 4
Eu senti sua falta
CAPÍTULO 4
Eu senti sua falta
A chuva começou a cair ainda mais forte.
Depois de ouvir as palavras de Shen Chuhan, as orelhas de Lin Ting ficaram vermelhas. O rubor se espalhou pelo pescoço, e ele piscou rapidamente. De repente, a voz no celular parou após alguns segundos, mas, quando ele esbarrou sem querer na tela, a mensagem começou a tocar de novo. Lin Ting escutou mais uma vez.
Ele estava prestes a desligar o celular às pressas quando, inesperadamente, recebeu uma nova mensagem de Shen Chuhan.
Da mesma forma, uma voz grave ressoou em seus ouvidos:
— Da próxima vez, o Sr. Lin consideraria sair em um encontro comigo?
A voz do homem carregava um sutil tom de sorriso, quase como se estivesse provocando um pequeno animal de estimação. A respiração de Lin Ting tremeu levemente, e ele sentiu a cabeça girar ainda mais com expectativa e incerteza.
— Sr. Shen! — A voz de Lin Ting soou ligeiramente tensa enquanto ele apertava o botão de gravação com urgência. — Por favor, se concentre em dirigir! — Não pôde evitar se preocupar com a segurança de Shen Chuhan em meio àquela enxurrada de emoções que agitava seu coração.
Ele falou rápido, enviando uma mensagem curta. Pouco depois, a resposta do outro lado chegou em uma única palavra:
— Está bem.
A breve resposta pairou no ar, mas não conseguiu esconder o calor evidente e a suavidade no tom do outro. O coração de Lin Ting disparou, e todo o seu corpo formigava de excitação.
— Lin Lin? — Yan Zhou se aproximou de lado, curioso para ver o que havia no celular de Lin Ting.
No entanto, Lin Ting rapidamente fechou a tela, como se quisesse esconder algo.
Yan Zhou inclinou a cabeça em confusão.
— Com quem você está falando, Lin Lin? Você está vermelho demais! O que foi que a pessoa disse pra te deixar assim? — Comentou, reparando no rubor intenso no rosto de Lin Ting.
Vermelho...?
Lin Ting piscou, seus cílios longos tremendo levemente. Ele ergueu a mão e, quase sem perceber, tocou a própria bochecha, sentindo o calor do rubor em sua pele.
— Yan Zhou. — Lin Ting segurou o braço do amigo. — Acho que estou com febre.
Ao ouvir isso, Yan Zhou imediatamente levou a mão à testa de Lin Ting para checar a temperatura. Seu cenho franziu em confusão, pois estava completamente normal.
— Não, está normal — disse ele.
Então, seus olhos desceram da testa até as bochechas coradas de Lin Ting.
Os olhos de raposa de Yan Zhou se estreitaram levemente, como se tivesse acabado de perceber algo. Ele se aproximou do ouvido de Lin Ting e sussurrou suavemente:
— Lin Lin, você está envergonhado? Você gosta dele?
Os olhos de Lin Ting se arregalaram em incredulidade. Sua expressão se tornou quase insuportável enquanto ele gaguejava:
— Go... gostar? Do quê? Do que você está falando, eu... eu, eu... — Ele se atrapalhou com as palavras, incapaz de expressar seus pensamentos de forma clara.
Yan Zhou o observava com um sorriso, levantando a mão para afagar suavemente os cabelos de Lin Ting, em um gesto de conforto.
— Tá bom, tá bom, chega de brincadeira. — disse ele com gentileza.
Lin Ting inflou as bochechas e deu um tapa nele.
Será que ele gosta de Shen Chuhan?
Instintivamente, Lin Ting levou a mão ao peito, tentando acalmar as batidas aceleradas de seu coração. Percebeu que aquela era, de fato, a primeira vez que experimentava tais emoções. No passado, as pessoas tendiam a manter distância dele por causa de suas limitações.
Shen Chuhan havia sido o primeiro, além de sua família e amigos, a demonstrar-lhe tamanha gentileza.
Enquanto refletia sobre a pergunta de Shen Chuhan, "Quer se casar comigo?", as palavras ecoaram novamente em sua mente.
Ele não pôde deixar de se questionar sobre a sinceridade por trás delas. Seria uma proposta genuína ou apenas fruto do clima agradável que compartilhavam naquele momento?
Afinal, ele não conhecia bem Shen Chuhan. E Shen Chuhan também não o conhecia bem.
Yan Zhou caminhava ao lado de Lin Ting, protegendo-os com um guarda-chuva da chuva que caía. As gotas, ao baterem no tecido, produziam um som suave de pitter-patter, quase abafando as batidas do coração de Lin Ting.
Depois daquele encontro, Shen Chuhan sempre tomava a iniciativa de contatá-lo. Sempre que tinham um tempo livre, passavam alguns momentos conversando ao telefone. Durante essas conversas, Shen Chuhan acabava ouvindo várias histórias interessantes de Lin Ting.
— Posso encontrar o Sr. Lin esta tarde? — perguntou Shen Chuhan, em um tom educado, mas ansioso.
A luz do sol atravessava a janela e iluminava a mão de Lin Ting. Ele ergueu o celular, confuso. — Hã? Esta tarde? — questionou após ouvir a proposta.
— Sim. — respondeu Shen Chuhan. — Haverá uma exposição de pintura, e o artista é alguém que talvez o Sr. Lin conheça. Achei que poderia se interessar em ir.
Lin Ting ficou em silêncio, aguardando que Shen Chuhan continuasse.
— Um artista cego, George Redhawk. — explicou o homem, sua voz assumindo um tom particular ao pronunciar o nome em inglês.
Os olhos de Lin Ting brilharam de empolgação. — Sim! Eu o conheço! — exclamou. — Eu o admiro muito! Depois de ouvir sua história, ganhei coragem para começar a pintar. Sempre fui fã do trabalho dele!
Depois de dizer isso, Lin Ting parou, franzindo as sobrancelhas em reflexão. Com uma expressão pensativa, voltou a falar:
— Como o Sr. Shen sabia que eu...? — Começou, a curiosidade evidente no tom, mas deixando a frase no ar.
— Você mencionou isso alguns dias atrás. — respondeu calmamente o homem do outro lado da linha. — Se o Sr. Lin estiver disposto, vou buscá-lo à tarde.
Lin Ting não conseguiu recusar o convite de Shen Chuhan e concordou sem hesitar.
Ao encerrar a ligação, não pôde deixar de perceber como Shen Chuhan era mais atencioso e cuidadoso do que havia imaginado no início.
Ele abaixou a cabeça, sentindo a luz suave do sol aquecer seus cabelos negros, que pareciam adquirir um tom castanho-claro. Sem perceber, seu rosto exibia uma expressão feliz.
Quando se virou para deixar uma mensagem, uma voz o interrompeu:
— Irmão, você está sorrindo tanto. Está apaixonado?
Era sua irmã, Lin Qiyu.
Aos dezessete anos, Lin Qiyu aproximou-se com entusiasmo, entrelaçando delicadamente o braço no dele. Curiosa, inclinou-se para perto, tentando adivinhar seus pensamentos apenas pela expressão em seu rosto.
— Não. — respondeu Lin Ting prontamente. Ele e Shen Chuhan eram apenas amigos até então, e não haviam chegado ao ponto de se apaixonarem.
— É mesmo? — Os olhos de Lin Qiyu brilharam travessos enquanto ela inclinava a cabeça, observando atentamente o rosto dele. Notou um leve rubor em suas bochechas e um sorriso discreto nos cantos de seus lábios. Com um sorriso brincalhão, estendeu o dedo e cutucou suavemente sua face, sentindo o calor em sua pele. — Mas sua expressão diz outra coisa, irmãozinho. — provocou.
Lin Ting segurou o dedo da irmã e perguntou: — Ah, é? E o que exatamente ela diz?
Lin Qiyu ergueu uma sobrancelha e sorriu de forma marota. — A expressão do meu irmão mostra claramente que você está sendo amado de verdade.
Lin Ting piscou e afagou a cabeça dela. —Besteira. — respondeu com uma risada, afastando a provocação.
— De jeito nenhum! — Lin Qiyu retrucou, sentando-se na cama dele e apoiando as mãos atrás das costas. Com uma expressão curiosa, inclinou a cabeça e perguntou: — Quem é essa pessoa?
Ignorando a pergunta, Lin Ting estendeu a mão até o corrimão preso à parede e caminhou devagar em direção ao armário.
Lin Qiyu o seguiu como um pardalzinho tagarela.
— É o irmão Yan Zhou, do apartamento ao lado? — Arriscou, num tom curioso, como se tentasse montar as peças de um quebra-cabeça.
Os ombros de Lin Ting se retesaram ao ouvir a sugestão.
— Yan Zhou e eu somos apenas amigos. — Afirmou, a voz carregando um leve tom defensivo. Sua postura rígida deixava transparecer o desconforto com aquela suposição.
— Hmm... — Os olhos escuros de Lin Qiyu giraram duas vezes, antes de ela agarrar o braço de Lin Ting e balançá-lo. — Ah, irmão, me conta! Prometo que não vou contar pra ninguém! — Implorou.
Lin Ting retirou do armário uma sacola com um suéter e um colete.
O charme manhoso da irmã era difícil de resistir. Depois de refletir por um momento, percebeu que não havia nada a esconder em relação a Shen Chuhan, então contar a Lin Qiyu não parecia grande coisa.
— É um rapaz que conheci num encontro às cegas recentemente. — explicou enquanto vestia o suéter e abotoava a camisa. — Ele é muito legal, então temos mantido contato.
Lin Ting continuou falando, sem perceber que sua irmã havia se calado de repente.
— Qi Yu? — Chamou suavemente, notando o silêncio repentino.
— Ele... ele está aqui! — exclamou Lin Qiyu, pulando de repente de onde estava. — Ah, irmão, você vai ter um encontro, não é? Anda logo e se arruma! Não faça ele esperar muito! — disse, empolgada, incentivando Lin Ting a se preparar.
Assim que terminou de falar, Lin Qiyu saiu correndo, deixando Lin Ting sozinho no quarto. Mesmo assim, ele continuou murmurando, como se tentasse se justificar: — Não é um encontro! Nós só vamos a uma exposição de arte juntos!
— Que estranho. — resmungou Lin Ting, sorrindo de canto enquanto pegava o casaco. Cada uma de suas roupas tinha uma etiqueta especial, e, com o tempo, ele se acostumara tanto que conseguia escolher sem dificuldade, mesmo sem enxergá-las.
Depois de se trocar, Lin Ting caminhou instintivamente até o espelho, mas só conseguiu ver uma imagem borrada. Suspirou, um tanto frustrado. Perguntou-se se Shen Chuhan aprovaria sua roupa.
O tempo passou rápido e logo a tarde chegou. Assim que recebeu a ligação de Shen Chuhan, Lin Ting saiu apressado.
Ao ouvir os passos apressados, Shen Chuhan disse com urgência, mas também com ternura: — Não se apresse, Sr. Lin. Venha com calma. Eu vou estar esperando.
— Está bem, está bem. — respondeu Lin Ting, mas não diminuiu o passo. Continuou andando rápido, ansioso para encontrar Shen Chuhan o quanto antes.
Apesar de o dia estar bonito, o vento de inverno ainda cortava o rosto de Lin Ting assim que ele saiu pela porta do prédio. Seu nariz ficou vermelho por causa da brisa gelada.
Sem conseguir enxergar através do clarão branco, Lin Ting não conseguiu localizar onde Shen Chuhan estava. Franziu a testa, tentando em vão distinguir qualquer sombra escura entre a luminosidade ao redor.
A neve havia caído durante a noite e abafava todos os sons. O único ruído que Lin Ting ouvia era o farfalhar suave de seus pés contra o chão nevado.
De repente, sentiu-se puxado para dentro de um abraço quente.
— Eu senti tanto a sua falta. — A voz de Shen Chuhan ecoou em seus ouvidos, enquanto a silhueta dele bloqueava a luz intensa do sol, deixando Lin Ting atordoado por um instante. Surpreso, suas mãos instintivamente se agarraram à roupa de Shen Chuhan.
— Não disse para você descer devagar? E se caísse? — A voz de Shen Chuhan carregava um leve tom de repreensão, mas também preocupação. Ele baixou os cílios, reparando nas orelhas avermelhadas do jovem, resistindo à vontade de tocá-las.
Lin Ting se aconchegou nos braços dele e resmungou: — É porque eu queria ver você, Sr. Shen, o mais rápido possível.
Mesmo que eu caia, ainda vou correr para te ver.
Ele esfregou a ponta do nariz contra o peito de Shen Chuhan.
Naquele momento, Lin Ting teve a sensação de que ele e Shen Chuhan eram um casal apaixonado.
FIM DO CAPÍTULO