CAPÍTULO 1
CAPÍTULO 1
O flash disparava em sincronia com o clique do obturador, enquanto o modelo diante do cenário mudava de pose sem esforço. Ele era um homem pequeno com traços delicados, quase femininos, um famoso modelo unissex que exalava charme enquanto posava com um perfume caro, incorporando perfeitamente sua imagem como uma fragrância para todos os gêneros.
— Me dê um olhar um pouco mais confiante... Isso, perfeito. — Instruiu uma voz rica e suave, sem nunca tirar os olhos da câmera. Depois de mais alguns cliques, a figura esbelta finalmente abaixou a câmera e anunciou um breve intervalo para preparar a próxima cena.
— Ei, Peach, como estou? Estou arrasando ou o quê? — O modelo praticamente saltitou até ele, meio pulando de excitação. Seu entusiasmo exagerado fez Peach rir enquanto virava casualmente a tela da câmera para que ele visse.
— Você não confia nas minhas habilidades ou o quê, Ran? — Peach provocou enquanto tirava a câmera do pescoço. Ele se moveu para uma cadeira próxima, sentou-se pesadamente e deixou seu colega mais jovem verificar as fotos. Enquanto isso, ele revisava as imagens novamente em seu próprio dispositivo.
Aran sorriu de orelha a orelha até suas bochechas incharem, seus olhos brilhantes colados nas imagens na tela.
— Quem não confiaria em você, Peach? Eu já sabia que as fotos seriam incríveis, é por isso que eu mal podia esperar para vê-las!
E Aran não estava exagerando. Peach, ou Peachayarat Janekit, era um dos melhores fotógrafos do país. Suas habilidades eram extraordinárias. Mesmo modelos que não tinham traços marcantes ou fama conseguiam chamar a atenção depois de serem capturados por suas lentes. Muitos atores e celebridades deviam seu sucesso a algumas das fotografias deslumbrantes de Peach.
Além de seu talento excepcional, Peach também tinha uma reputação impecável na indústria. Conhecido por seu profissionalismo, maneiras impecáveis e comportamento calmo, ele nunca havia se envolvido em um escândalo ou má imprensa, nem mesmo uma vez.
No entanto, apesar de se destacar em sua carreira, sua vida amorosa era um desastre completo, quase tragicamente ridículo. Depois de ser dispensado por sua terceira namorada pelo mesmo motivo das duas anteriores, Peach havia se resignado à ideia de que o amor talvez não estivesse em seu destino.
— Peach, Peach! Você vem para a festa de encerramento hoje à noite? — Aran perguntou, finalmente satisfeito com as fotos e virando-se para ele. Seus olhos grandes e inocentes tinham um leve olhar suplicante que fez Peach sorrir, divertido.
O modelo deslumbrante era próximo de Peach desde seus primeiros dias na indústria. Alguns até diriam que Peach foi quem ajudou a lançar sua fama. Ainda assim, o vínculo deles sempre permaneceu superficial, um relacionamento profissional, na melhor das hipóteses. Para Peach, Aran não era nada mais do que um irmão mais novo de quem ele gostava.
O único problema? A personalidade de Aran era irritantemente possessiva e excessivamente dramática, o suficiente para fazer qualquer um revirar os olhos.
— Você já contou ao Tawan? Se vocês dois começarem a brigar na festa, eu expulso os dois. — Avisou Peach, cruzando os braços. O pequeno modelo imediatamente pareceu culpado, movendo-se desconfortavelmente antes de admitir timidamente que ainda não havia mencionado. Sem mais uma palavra, ele correu para seu camarim, provavelmente para ligar e relatar ao seu parceiro antes de se preparar para a próxima sessão de fotos.
Peach soltou um longo suspiro antes de se levantar para inspecionar o próximo cenário. Pegando o celular, verificou suas mensagens e passou os olhos por sua agenda. Depois de um momento, abriu o aplicativo do pássaro azul para ver as notícias enquanto esperava.
Sua rolagem parou quando uma manchete específica chamou sua atenção. Era o mais recente burburinho sobre um jovem empresário, meio tailandês e meio russo, que estava fazendo ondas como uma estrela em ascensão na indústria de perfumes e joias. Ele não era apenas famoso por sua perspicácia nos negócios, mas sua aparência marcante e romances intermitentes com várias atrizes impulsionaram Theerakit Kian Arseny ao auge da fama.
Peach olhou para o frasco de perfume cuidadosamente colocado no cenário, depois voltou o foco para o celular, balançando a cabeça levemente com um sorriso fraco.
Seu chefe era realmente um cara astuto.
Esse pensamento cruzou brevemente sua mente antes de ele retornar ao trabalho. Embora tecnicamente fosse seu “chefe”, o termo só se aplicava no sentido de que o homem era o CEO da empresa para a qual Peach estava fazendo anúncios. A probabilidade de seus caminhos realmente se cruzarem era praticamente zero.
Com o que ele realmente precisava se preocupar era torcer para que seu jovem colega modelo não o arrastasse para algum novo drama naquela noite.
Com passos largos, Peach dirigiu-se ao seu carro pequeno, decidindo passar em seu condomínio antes de se juntar aos outros em um restaurante-pub da moda no coração da cidade.
Uma vez no condomínio, estacionou na garagem subterrânea, trancou o carro e pegou suas coisas antes de ir para a entrada do prédio. Passando seu cartão de acesso no painel de segurança, entrou no elevador e apertou o botão do seu andar.
O espelho refletia um jovem com traços marcantes e uma figura esbelta, com pouco mais de 1,75 m, talvez mais perto de 1,80 m. Seu corpo era magro, mas em forma, com a aparência tonificada de alguém que se cuidava.
Ele não era deslumbrantemente bonito ou extraordinariamente belo, mas tinha o tipo de rosto que você nunca se cansaria de olhar.
O elevador emitiu um sinal sonoro suave ao chegar ao seu andar. Peach caminhou até seu apartamento, encostou o cartão na fechadura inteligente e empurrou a porta ao ouvir o clique.
Seu apartamento era um estúdio padrão, não muito grande, mas na medida certa para uma pessoa. O layout dividia o espaço em uma área de estar e um quarto, com uma pequena cozinha de um lado e um banheiro do outro. No final, havia uma pequena varanda, grande o suficiente apenas para uma máquina de lavar, um varal e algumas plantas pequenas que adicionavam um toque de verde ao espaço.
O quarto de Peach era simples e discreto, assim como ele. Peach organizava suas coisas; ele se orgulhava de ser bastante arrumado, embora sua versão de “organizado” muitas vezes fizesse sentido apenas para ele. Depois de colocar tudo no lugar, regar suas plantas e pegar algo na geladeira para evitar que seu estômago roncasse mais tarde, ele foi para o armário escolher uma roupa para a noite.
Deslizando a porta do armário, deparou-se com sua coleção habitual de camisetas lisas e de cores sólidas em tons escuros e uma fileira de jeans bem ajustados. Decidiu ficar com o mesmo jeans que já estava usando e trocou sua camiseta casual por uma camisa de botão de manga curta. Deixou dois, talvez três, botões de cima abertos, apenas o suficiente para revelar um pouco de seu peito claro. Depois de uma borrifada rápida de colônia, estava pronto para sair.
Honestamente, Peach não ficou muito surpreso quando sua última namorada o deixou há dois meses. Sua vida era simples, provavelmente simples demais, assim como sua personalidade. Ele não era de grandes gestos ou exibições espalhafatosas. O que ele oferecia era estabilidade, alguém que apreciava as pequenas coisas e cuidava da vida diária juntos. A maioria das pessoas o descrevia como o confidente perfeito, alguém que dava ótimos conselhos, deixava os outros à vontade e irradiava calor.
Confiável, seguro... mas nunca alguém por quem se apaixonar.
O pensamento o fez rir sozinho, lembrando as palavras exatas que sua ex usou para terminar. A frase quase o fez soltar uma resposta sarcástica:
— Ah, então você quer alguém não confiável? Devo ser um parasita para ser o escolhido?
Claro, ele não disse nada disso na época. Quando chegou a hora, tudo o que conseguiu foi um sorriso triste enquanto a via se afastar, de mãos dadas com seu novo namorado.
Ah, a trágica vida amorosa de Peachayarat.
Ele pensou, afastando a frustração persistente e voltando para o carro. Dois meses após o término, Peach tinha mais ou menos voltado ao normal. Claro, ele não estava exatamente ansioso para encontrar sua ex, mas pelo menos conseguia pensar nisso sem se encolher.
Entrando de volta no trânsito congestionado da cidade, ele se lembrou por que as noites de sexta-feira eram puro caos. Era como se a cidade inteira tivesse decidido coletivamente se soltar após uma semana exaustiva.
As estradas estavam lotadas, com quase nenhum espaço entre os carros. Depois de quase uma hora de agonia com o trânsito parando e andando, Peach finalmente chegou ao restaurante e entrou para se juntar aos amigos em sua mesa, pronto para deixar a noite acontecer.
O lugar era um bar-restaurante com música ao vivo, não o tipo de local lotado e caótico que se chamaria de balada completa. Era animado o suficiente para parecer energético, tornando a tarefa de encontrar a mesa de seus amigos uma experiência bastante agradável.
A reunião desta noite era uma festa de encerramento para a sessão de fotos da coleção de outono, que apresentava um conjunto completo de perfumes e acessórios combinando, quase dez looks completos. A filmagem levou quase uma semana, combinando comerciais de vídeo e fotografia. Claro, ainda havia uma montanha de edição e pós-produção pela frente, mas celebrar o que haviam realizado até agora era um grande incentivo moral.
Peach foi levado a um assento perto da cabeceira da mesa. Ofereceu um sorriso educado e contido e sentou-se calmamente. À sua frente estava Aran, o modelo estrela da campanha, que o cumprimentou com entusiasmo, como um filhote animado vendo seu dono. Infelizmente, Aran não parecia notar o olhar penetrante que Peach recebia de Tawan, o namorado do modelo, sentado bem ao lado dele.
— Se você me encarar com mais força, Tawan, posso acabar engravidando. — Brincou Peach com um sorriso enquanto pegava os ingredientes do coquetel para misturar sua própria bebida. De jeito nenhum ele confiaria em sua equipe para isso, eles estavam sempre planejando batizar suas bebidas por diversão.
Tawan respondeu com um olhar exagerado, seus olhos afiados se estreitando em um aviso zombeteiro. Um braço repousava no encosto da cadeira de Aran de uma forma que deixava claro a quem o modelo pertencia. Peach riu para si mesmo, guardando seus pensamentos desta vez.
Não era surpresa, afinal, Aran era deslumbrante. Sua beleza tinha uma suavidade peculiar, com grandes olhos expressivos que brilhavam com calor e charme. Ao mesmo tempo, a definição nítida de seu maxilar lhe dava uma masculinidade inegável. Era uma combinação irresistível, atraindo a atenção de todos na sala, tanto mulheres quanto homens.
Peach olhou para Tawan, um homem que personificava a masculinidade no sentido mais tradicional. Seus traços nítidos e angulares, músculos tonificados e altura imponente de 1,83 m praticamente gritavam “macho alfa”. Havia uma leve intensidade em seu comportamento, um temperamento impetuoso que Peach teve que controlar mais de uma vez para manter as coisas sob controle.
Ele é um personagem principal, sem dúvida.
Peach, que recentemente tinha ficado viciado em uma nova série, balançou a cabeça levemente. Se tivesse que avaliar, aqueles dois estavam destinados a estar sob os holofotes, papéis principais do começo ao fim. Enquanto isso, ele era mais como o elenco de apoio, o melhor amigo que dá conselhos sábios, ilumina o caminho para o herói ou às vezes agita as coisas apenas por diversão. Ele não se importava em desempenhar esse tipo de papel, mas de vez em quando, parecia um pouco solitário.
Depois de se encher de comida e saciar a fome, ele ficou um pouco com uma bebida. Mas logo decidiu encerrar a noite. Ele tinha dirigido até lá e ainda tinha trabalho a fazer mais tarde. Ficar bêbado não era uma opção.
Levantando-se, Peach foi ao banheiro, planejando jogar uma água no rosto e se refrescar antes de sair. Mas no momento em que abriu a porta, deparou-se com uma visão inesperada, Aran, o modelo pequeno, encurralado por três homens vestidos de preto.
Que diabos de confusão é essa agora?
Peach praguejou internamente, mas rapidamente interveio, suas longas pernas fechando a distância em segundos. No fundo de sua mente, ele xingou silenciosamente o namorado carrancudo de Aran. Tão rápido em olhá-lo com desprezo, mas aparentemente não estava em lugar nenhum numa situação como essa.
Externamente, no entanto, Peach manteve a compostura, forçando um leve sorriso enquanto tentava aliviar a tensão na sala.
— Ei, Ran, por que você demorou tanto? — Ele chamou casualmente, embora não tivesse ideia de quando Aran tinha saído da mesa. Suavemente, ele pegou o braço do homem mais jovem e o manobrou para trás de si o mais naturalmente possível. — Você está bêbado? Você está bem? Você não incomodou esses senhores, incomodou?
Peach continuou falando, agindo como se não tivesse notado Aran abrindo a boca. Antes que o jovem pudesse dizer uma palavra, Peach aumentou o aperto em seu braço, um aviso silencioso. Ele sabia o quão afiada a língua de Aran podia ser. Se o deixasse falar, essa situação sairia do controle.
Virando-se para os homens que os cercavam, Peach ofereceu um sorriso educado, esperando aliviar a tensão. Foi quando ele finalmente notou a figura casualmente encostada na pia no fundo da sala.
O homem parecia mestiço, com cabelos pretos lisos penteados para trás, revelando uma testa larga. Sob as luzes neon, seu cabelo brilhava com reflexos castanhos. Seus olhos afiados e dominantes eram da cor de nuvens de tempestade, e seu maxilar cinzelado apenas aumentava sua presença intimidadora. Ele usava uma camisa de manga comprida com os três primeiros botões abertos, as mangas arregaçadas até os cotovelos, revelando músculos firmes e um vislumbre de tatuagens. Ladeado por dois homens corpulentos em ternos pretos, ele exalava um ar de autoridade que fazia o pequeno banheiro parecer ainda mais apertado.
A cena gritava perigo, tanto que Peach sentiu uma vontade avassaladora de correr ali mesmo.
— Parece que meu amigo aqui causou algum problema para vocês. Sinto muito por isso. Por favor, não levem a mal. — disse Peach, apertando o braço do outro homem e inclinando a cabeça educadamente.
Peach não era do tipo que agravava situações, especialmente quando o outro lado irradiava aquele tipo de ameaça. Se um pedido de desculpas rápido pudesse suavizar as coisas ou dar a ele uma chance de escapar, ele aceitaria de bom grado.
— Bem, se nos dão licença. — Acrescentou com um sorriso forçado, girando nos calcanhares e puxando Aran para fora do banheiro sem esperar permissão. Ele arrastou o modelo menor com ele, não o soltando até que estivessem a salvo do perigo.
Adeus à ideia de se refrescar antes de dirigir para casa. Aquele pequeno susto o fez recobrar a consciência mais do que um banho de água fria.
Assim que chegaram a um local tranquilo, Peach finalmente se virou para encarar o homem mais jovem, as perguntas se acumulando.
— Que diabos aconteceu lá atrás, Ran? Quem eram aqueles caras?
— Eu não tenho ideia! Eu não fiz nada! — Aran bufou indignado, com as bochechas coradas, parte pela raiva e parte pelo álcool correndo em suas veias. — Aquele cara com cara de mafioso tentou me tocar! Então, eu revidei. Aí ele chamou os capangas dele para me assustar. Que babaca!
Peach resistiu à vontade de enterrar o rosto nas mãos. Claro, ele sabia que esse garoto era bonito o suficiente para atrair o tipo de caras sórdidos que pensavam com seus egos e hormônios. Mas a ideia de resolução de conflitos de Aran claramente precisava de algum trabalho. Mal maior que um feijão, sozinho em uma sala cheia de homens de aparência perigosa, e ainda respondendo? Era um milagre ele não ter acabado morto ou pior. Esse cara não tinha instinto de sobrevivência nenhum?
Ele estava prestes a dizer algo para acalmar a situação quando, de repente, foi puxado para trás. Uma mão forte agarrou seu ombro com força suficiente para machucar antes de empurrá-lo para o lado sem um pingo de compaixão. Felizmente, ele conseguiu manter o equilíbrio, mas não antes que o corrimão que agarrou para se apoiar raspasse sua palma, deixando um corte ardente. Seu braço latejava onde havia batido na borda.
Peach se virou, o coração afundando de medo ao pensar que o homem perigoso de antes os havia seguido. Mas, para sua surpresa, a pessoa que o encarava, pronta para despedaçá-lo, não era outra senão a celebridade severa.
Tawan estava lá, segurando o modelo pequeno contra o peito. Seu tom áspero e mordaz não combinava com o gesto protetor.
— Que diabos está acontecendo aqui? — Tawan rosnou, sua voz como um chicote. Seu aperto em Aran aumentou como se quisesse impedi-lo de escapar. — Você sumiu há muito tempo, acontece que você estava por aí brincando com esse maldito fotógrafo, hein?
— Tawan, me escuta! — Aran lutou no aperto de ferro, tentando em vão se libertar. — Não é o que você pensa! Peach me ajudou, só isso!
O protesto de Aran só pareceu alimentar o fogo. A frustração de Tawan cresceu enquanto ele respondia e, então, sem mais uma palavra, ele levou o homem menor com ele, o braço em volta dele como se fosse uma posse. Antes de desaparecer, Tawan lançou a Peach um olhar tão afiado que pareceu uma adaga no estômago, um aviso claro para ficar longe.
Peach permaneceu congelado, tentando processar o turbilhão de caos que acabara de explodir. Seus pensamentos estavam atrasados em relação à tempestade de emoções que acabara de se desenrolar?! Uma parte dele queria gritar sobre a confusão infernal que acabara de varrer a sala.
Na saída, começou a se perguntar se talvez devesse aceitar menos trabalhos relacionados a Aran. Ele não queria ser o motivo de mais mal-entendidos ou tensões entre eles. Além disso, queria deixar claro para Tawan que não tinha interesse em se envolver no drama deles.
O problema era que Aran acabara de se tornar o embaixador da marca Arseny. Com um contrato completo vinculando-o a toda a coleção de outono, evitar o casal seria quase impossível.
Peach suspirou novamente, um resignado “tanto faz” se instalando em seu peito. Ele não tinha feito nada de errado, mas os problemas continuavam a encontrá-lo. Neste ponto, tudo o que podia fazer era dar de ombros e focar no trabalho. O resto? Isso não era mais problema dele.
Ele caminhou até o carro e parou ao lado dele. Assim que ia entrar, uma dor aguda no braço o lembrou do corte. Mudando de ideia, vasculhou o porta-malas em busca de uma garrafa de água, pensando que seria uma boa ideia lavar a ferida. Também imaginou que precisaria parar em algum lugar para tomar uma vacina antitetânica. Estava escuro demais para ver o que o havia cortado, e se tivesse sido metal enferrujado, isso poderia ser um problema real.
Peach pegou a garrafa de água e tentou desajeitadamente desenroscar a tampa sem usar a mão machucada. Sua atrapalhação desajeitada o fez pensar no homem que encontrara antes no banheiro, aquele com a vibração perigosa.
Ele tinha que admitir, o cara era ridiculamente bonito, sem dúvida. Mas o ar de perigo que o cercava era difícil de ignorar. Ainda assim, o que mais impressionou Peach não foi a aparência do homem, mas seus olhos cinza-fumaça. Eram deslumbrantes, quase hipnóticos, o tipo de olhos que faziam você parar. Ele até se pegou desejando ter uma câmera para capturá-los. Havia também algo estranhamente familiar neles, como se os tivesse visto em algum lugar antes. Sua beleza, quase como fumaça em movimento, era rara o suficiente para acender a faísca de fotógrafo nele.
— Precisa de ajuda com isso?
A voz profunda assustou Peach. Ele olhou para cima e estremeceu levemente ao se ver cara a cara com aqueles mesmos olhos cinza-fumaça em que acabara de pensar.
Ótimo. Parecia que aquele modelo problemático estava arrastando uma nova confusão direto para ele.
FIM DO CAPÍTULO